terça-feira, 10 de maio de 2016

O que foi não é nada, e lembrar é não ver...

Antes o vôo da ave, que passa e não deixa rasto, 
Que a passagem do animal, que fica lembrada no chão. 
A ave passa e esquece, e assim deve ser. 
O animal, onde já não está e por isso de nada serve, 
Mostra que já esteve, o que não serve para nada. 
A recordação é uma traição à Natureza, 
Porque a Natureza de ontem não é Natureza. 
O que foi não é nada, e lembrar é não ver. 
Passa, ave, passa, e ensina-me a passar!
Antes o Vôo da Ave de Alberto Caeiro, em  O Guardador de Rebanhos - Poema XLIII

Porque estão a chegar as andorinhas e outras avezinhas.

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