sábado, 22 de março de 2014

Da doçura e da tristeza da poesia

Invento-te    recordo-te   distorço 
a tua imagem mal e bem amada 
sou apenas a forja em que me forço 
a fazer das palavras tudo ou nada. 

A palavra desejo incendiada 
lambendo a trave mestra do teu corpo 
a palavra ciúme atormentada 
a provar-me que ainda não estou morto. 

E as coisas que eu não disse? Que não digo: 
Meu terraço de ausência    meu castigo 
meu pântano de rosas afogadas. 

Por ti me reconheço e contradigo 
chão das palavras mágoa joio e trigo 
apenas por ternura levedadas.

Ary em Soneto de Mal Amado

quinta-feira, 20 de março de 2014

Douterais-tu de printemps?

terça-feira, 18 de março de 2014

gnocchi di primavera







...porque afinal há mais dias de sol e de aromas gratuitos.

domingo, 16 de março de 2014

Suddenly...














You look at me, I look at you
We’re young and free, and suddenly it’s spring.

terça-feira, 11 de março de 2014

Make Love Not War

domingo, 9 de março de 2014

Transfiguração

Devia morrer-se de outra maneira.
Transformarmo-nos em fumo, por exemplo.
Ou em nuvens.
Quando nos sentíssemos cansados, fartos do mesmo sol
a fingir de novo todas as manhãs, convocaríamos
os amigos mais íntimos com um cartão de convite
para o ritual do Grande Desfazer: «Fulano de tal
comunica a V. Ex.ª que vai transformar-se em nuvem
hoje às 9 horas. Traje de passeio».
E então, solenemente, com passos de reter tempo,
fatos escuros, olhos de lua de cerimónia, viríamos
todos assistir à despedida.
Apertos de mão quentes. Ternura de calafrio.
«Adeus! Adeus!»
E, pouco a pouco, devagarinho, sem sofrimento,
numa lassidão de arrancar raízes... (primeiro, os olhos...
em seguida, os lábios... depois, os cabelos...) a carne,
em vez de apodrecer, começaria a transfigurar-se
em fumo... tão leve... tão subtil... tão pólen...
como aquela nuvem além (vêem?) - nesta tarde de outono
ainda tocada por um vento de lábios azuis...


josé gomes ferreira

quinta-feira, 6 de março de 2014

Da ternura
















E.: - Mamã, tu és a minha paixão!
Eu: - Sim filhinha, e porquê?
E.: - Porque quando eu te beijo levanto sempre a perna...

quarta-feira, 5 de março de 2014

Dualidades
















...depois da folia...



 ...a serenidade