segunda-feira, 20 de dezembro de 2021

Pas tout...

segunda-feira, 11 de outubro de 2021

sexta-feira, 24 de setembro de 2021

Por muito te querer, talvez pudesses dar-me um lugar qualquer mais adiante...

 Na lista dos teus fins venho no fim

de uma página nunca publicada,

e é justo que assim seja. Embora saiba

mexer palavras, e doer de frente,

e tenha esse talento conhecido

de acordar de manhã, dormir à noite,

e ser, o dia todo, como gente,

nunca curei, como previa, a lepra,

nem decifrei o delicado enigma

da letra morta que nos antecede.

Por muito te querer, talvez pudesses

dar-me um lugar qualquer mais adiante,

despir-te de pudor por um instante

e deixá-lo cobrir-me como um manto.

de António Franco Alexandre, em  Aracne

quarta-feira, 22 de setembro de 2021

Melancolia outonal

Si algun día sin querer tropezamos
No te agaches, ni me hables de frente
Simplemente la mano nos damos
Y después que murmure la gente...

Parte de En el Último Trago

sábado, 4 de setembro de 2021

sexta-feira, 25 de junho de 2021

Love me for love’s sake...

If thou must love me, let it be for nought
Except for love’s sake only. Do not say
I love her for her smile … her look … her way
Of speaking gently, … for a trick of thought
That falls in well with mine, and certes brought
A sense of pleasant ease on such a day’—
For these things in themselves, Belovèd, may
Be changed, or change for thee,—and love, so wrought,
May be unwrought so. Neither love me for
Thine own dear pity’s wiping my cheeks dry,—
A creature might forget to weep, who bore
Thy comfort long, and lose thy love thereby!
But love me for love’s sake, that evermore
Thou may’st love on, through love’s eternity.
By Elizabeth Barrett Browning

domingo, 14 de fevereiro de 2021

Tragam-me um homem que me levante com os olhos...

... que em mim deposite o fim da tragédia

com a graça de um balão acabado de encher

tragam-me um homem que venha em baldes,

solto e líquido para se misturar em mim

com a fé nupcial de rapaz prometido a despir-se

leve, leve, um principiante de pássaro

tragam-me um homem que me ame em círculos

que me ame em medos, que me ame em risos

que me ame em autocarros de roda no precipício

e me devolva as olheiras em gratidão de

estarmos vivos

um homem homem, um homem criança

um homem mulher

um homem florido de noites nos cabelos

um homem aquático em lume e inteiro

um homem casa, um homem inverno

um homem com boca de crepúsculo inclinado

de coração prefácio à espera de ser escrito

tragam-me um homem que me queira em mim

que eu erga em hemisférios e espalhe e cante

um homem mundo onde me possa perder

e que dedo a dedo me tire as farpas dos olhos

atirando-me à ilusão de sermos duas

novíssimas nuvens em pé.

Em Ver no Escuro de Cláudia R. Sampaio