terça-feira, 30 de junho de 2015

Pausar

Hoje o jardim onde me perco andava desaustinado com ruídos que não lhe pertenciam. Consegui alhear-me com os melros e o som do vento nas folhas da enorme ficus..
E as gaivotas, sempre as gaivotas e o rio.
Ao meu lado, um casal de namorados desperdiçava conversas triviais pelo meio de beijos e risadinhas fúteis. Em breve, nem se lembrarão deste dia. A memória dilui-se, no tempo...                                                                                                                      

segunda-feira, 29 de junho de 2015

Are you sure you want to delete this note?


Li algures que é um passinho para alguém que lê muito, começar também a precisar de escrever...
Hoje, no jardim que visito voltou-me essa vontade... escrevi, escrevi e tudo perdi.
Malditas tecnologias que nos enganam com a facilidade de estarem ali à mão. Sem saber como, apaguei tudo o que havia escrito.  Restou apenas o som que faziam debaixo dos meus pés os minúsculos figos da árvore que me abrigava do sol...
Algo me diz que foi um aviso para não me meter nisto...

domingo, 28 de junho de 2015

É assim no vale por vezes


Calor: o tempo como que parado. Deixo-me estar, as moscas passeiam livremente sobre a minha pele, não consigo ou não quero mover-me. Fico assim muito tempo, a observar o que me rodeia. Há um silêncio de anos e anos de cal, apenas pontilhado de um ou outro trinado. Gosto da sensação que me envolve, absorvem-me memórias, ideias soltas, desconexas.

sexta-feira, 26 de junho de 2015

andar, andar, andar


Esta semana tornei-me pedestre. O tempo corre lento.
O gato à janela diz-me bom dia e eu sigo, sem pressa, atrás da D. Piedade, que caminha sob o peso da inclemente artrose.
Gosto do vento que me acaricia os cabelos e dos pensamentos que me são permitidos, sem a mente presa às regras da prioridade.
A vida de bairro envolve-me e oferece-me abrigo e pertença. Sinto-me feliz como peã...

quinta-feira, 25 de junho de 2015

Ouvir as gaivotas, faz-me sentir-te perto


Hoje as gaivotas que nos visitam regularmente estão particularmente agitadas. Ao ouvi-las sei-me perto do rio, do mar, da brisa húmida que todos os dias me atrai.

segunda-feira, 22 de junho de 2015

Impressões






sexta-feira, 19 de junho de 2015

Bullshit


- Tu, estás na mesma. Não mudaste nada! Diz-me quem não me via há mais de vinte anos...
Eu penso em como me sinto velha, seca, cansada, sem ânimo...feia.

quinta-feira, 18 de junho de 2015

dum loquimur, fugerit invida aetas: carpe diem, quam minimum credula postero

...e agora queria recuperar o tempo perdido, palavras estas insensatas, entre as que mais o forem, expressão absurda com a qual supomos enganar a dura realidade de que nenhum tempo perdido é recuperável, como se acreditássemos, ao contrário dessa verdade, que o tempo que críamos para sempre perdido teria, afinal, resolvido ficar parado lá atrás, esperando com a paciência de quem dispõe o tempo todo, que déssemos pela falta dele.

Excerto de A Caverna de José Saramago

segunda-feira, 15 de junho de 2015

Princesa Ervilha


Nasci aqui, neste antigo palácio, que já não existe, ali nas novas avenidas de Lisboa.
Numa água-furtada dei que sofrer e vim ao mundo fininha de dar dó e com cabeça de cone.
Enfezada e arrepiada no frio de um Dezembro nevoento, vim alegrar vidas e transformar mundos.
Fui a última de uma família a nascer ali.
J. H. Goulart retratou-o assim em 1970, quem sabe se eu não estaria nesse preciso momento a surgir.

quinta-feira, 11 de junho de 2015

Sonha com flores


Sempre que o medo os assalta no sono e procuram em mim um porto seguro, tenho o hábito de os lembrar de momentos bonitos que viveram. Digo-lhes: - Sonhem com um campo cheio de flores.
Eu estarei lá no meio delas para os abraçar.

terça-feira, 9 de junho de 2015

porque me beijas assim...

Diz-me agora o teu nome
se já dissemos que sim
pelo olhar que demora
porque me olhas assim
porque me rondas assim

Toda a luz da avenida
se desdobra em paixão
magias de druida
plo teu toque de mão
soam ventos amenos
plos mares morenos
do meu coração

Espelhando as vitrinas
da cidade sem fim
tu surgiste divina
porque me abeiras assim
porque me tocas assim
e trocámos pendentes
velhas palavras tontas
com sotaque diferentes
nossa prosa está pronta
dobrando esquinas e gretas
plo caminho das letras
que tudo o resto não conta

E lá fomos audazes
por passeios tardios
vadiando o asfalto
cruzando outras pontes
de mares que são rios
e num bar fora de horas
se eu chorar perdoa
ó meu bem é que eu canto
por dentro sonhando
que estou em Lisboa

Dizes-me então que sou teu
que tu és toda pra mim
que me pões no apogeu
porque me abraças assim
porque me beijas assim
por esta noite adiante
se tu me pedes enfim
num céu de anúncios brilhantes
vamos casar em Berlim
à luz vã dos faróis
são de seda os lençóis
porque me amas assim

Porque me olhas assim Fausto Bordalo Dias

sexta-feira, 5 de junho de 2015

Fail better


Ever tried. Ever failed. No matter. Try Again. Fail again. Fail better
S.Beckett

quarta-feira, 3 de junho de 2015

Psst, vamos dançar?

segunda-feira, 1 de junho de 2015

Ainda somos uma árvore...


...o resto foram brisas que levaram apenas umas folhinhas, hoje decompostas para nos fertilizar.