...os bons dias da assistência diária e os cumprimentos como o de hoje:
- Vês, olha a menina na bicicleta. Faz ginástica, poupa e olha como é jeitosa...
[...] é verdade que as palavras necessitam palavras, por isso se diz Palavra puxa palavra, mas também é certo que Quando um não quer dois não discutem [...], ou então suponhamos que um homem perguntou a uma mulher, Amas-me, e ela se cala, olhando-o apenas, esfíngica e distante, recusando dizer o Não que o destroçará, ou o Sim que os destroçaria, concluamos, pois, que o mundo estaria bem melhor se se contentasse cada um com o que vai dizendo, sem esperar que lhe respondessem, e, mais ainda, sem o pedir nem o desejar.
The naming of Cats is a difficult matter, It isn't just one of your holiday games; You may think at first I'm as mad as a hatter When I tell you, a cat must have three different names.
First of all, there's the name that the family use daily, Such as Peter, Augustus, Alonzo or James, Such as Victor or Jonathan, George or Bill Bailey All of them sensible everyday names. There are fancier names if you think they sound sweeter, Some for the gentlemen, some for the dames: Such as Plato, Admetus, Electra, Demeter But all of them sensible everyday names. But I tell you, a cat needs a name that's particular, A name that's peculiar, and more dignified, Else how can he keep up his tail perpendicular, Or spread out his whiskers, or cherish his pride? Of names of this kind, I can give you a quorum, Such as Munkustrap, Quaxo, or Coricopat, Such as Bombalurina, or else Jellylorum Names that never belong to more than one cat. But above and beyond there's still one name left over, And that is the name that you never will guess; The name that no human research can discover But the cat himself knows, and will never confess. When you notice a cat in profound meditation, The reason, I tell you, is always the same: His mind is engaged in a rapt contemplation Of the thought, of the thought, of the thought of his name: His ineffable effable Effanineffable Deep and inscrutable singular Name.
[...] caminhavam rente aos prédios com os braços estendidos para a frente, continuamente esbarravam uns nos outros como as formigas que vão no carreiro, mas quando tal sucedia não se ouviam protestos, nem precisavam falar, uma das famílias despegava-se da parede, avançava ao comprido da que vinha em direcção contrária, e assim seguiam e continuavam até ao próximo encontro. De vez em quando paravam, farejavam à entrada das lojas, a sentir se vinha cheiro de comida, qualquer que fosse, depois prosseguiam o seu caminho, viravam uma esquina, desapareciam da vista, daí a pouco surgia dali outro grupo, não traziam ar de haver encontrado o que buscavam. [...] Lá dentro o aspecto não era diferente, prateleiras vazias, escaparates derrubados, pelo meio vagueavam os cegos, a maior parte deles de gatas, varrendo com as mão o chão imundo, esperando encontrar ainda algo que se pudesse aproveitar, uma lata de conserva que tivesse resistido às pancadas com que tentaram abri-la, um pacote qualquer, do que fosse, uma batata, mesmo pisada, um naco de pão, mesmo feito pedra [...]
Excerto de Ensaio sobre a cegueira de José Saramago