sexta-feira, 13 de maio de 2016

[e] tardámos no beijo que a boca pedia...

Era a tarde mais longa de todas as tardes que me acontecia 
Eu esperava por ti, tu não vinhas, tardavas e eu entardecia 
Era tarde, tão tarde, que a boca tardando-lhe o beijo morria. 
Quando à boca da noite surgiste na tarde qual rosa tardia 
Quando nós nos olhámos, tardámos no beijo que a boca pedia 
E na tarde ficámos, unidos, ardendo na luz que morria 
Em nós dois nessa tarde em que tanto tardaste o sol amanhecia 
Era tarde de mais para haver outra noite, para haver outro dia.
[...]
...meu amor nunca é tarde nem cedo para quem se quer tanto...

Ary dos Santos, excerto de  As Palavras das Cantigas

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