terça-feira, 14 de outubro de 2014

Poderemos gastar todas as memórias de tanto nos lembrarmos?


Fazal Elahi ficava muitas vezes parado entre gestos, com as mãos perdidas, com os olhos vazios, a lembrar-se de Bibi, a tentar gastar todas as memórias que tinha dela, à espera de que elas caíssem  na terra como frutos podres, e os dentes e os cabelos. Havia lembranças de Bibi em todo o lado, atrás dos móveis, na loiça da cozinha, na romãzeira.

Afonso Cruz em Para onde vão os guarda-chuvas, p. 124

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