As pessoas crianças não precisam que as pessoas adultos imaginem por elas.
A capacidade de criar e recriar ambientes e reinventar a vida é-lhes natural.
Umas mesas e umas cadeiras podem ser os suportes ideais para vender a um qualquer cliente que passa (pai) as bolotas que já começaram a cair ou partes de um velho leque desmembrado.
Uma mãe sentada a ler passa rapidamente a ser um polícia sinaleiro que comanda um trânsito desenfreado de bicicletas.
Espaços como a Kidzania não nascem para ajudar as crianças a brincar aos adultos. Essas práticas existem desde sempre e entre praticamente todos os animais. Imitamos e a brincar aprendemos naturalmente.
Kidzanias pretendem formatar, arrebanhar mentes e fidelizar futuros consumidores, e se não são os pais que os levam ao paraíso do consumo, as escolas com o seu beneplácito, porque até mais sai mais em conta, encarregam-se de colmatar a falha intolerável.
Como dizer não?
Coitadinha, vão todos os colegas! Dizem uns.
Porque eles gostam! Dizem outros.
Questionar o inquestionável já nos valeu olhares de espanto e alguns epítetos alienígenas, mas sabemos que valerá a pena defender o que acreditamos, mesmo que apenas por isso mesmo.
O mundo dos adultos não é, nem deve parecer ser apenas o de trabalhar, para ganhar dinheiro para o consumir em seguida. Tentar reduzir a vida a isso com o intuito obscuro de educar brincando é, não só mutilante, porque exclui a possibilidade de outras opções de mundo, como usurpador da natural capacidade de criar.
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