Apaixonamo-nos pelas pessoas, quando as escutamos. Amamo-las. E só deixamos de as desejar quando deixamos de as ouvir. Com as casas passa-se o mesmo. Depois fica apenas uma ténue lembrança. Grata. Porque cheia de memórias.
Em As Casas, de Dóris Graça Dias, João Azevedo Editor, 1991
O poial era só meu, mesmo quando alugávamos a casa aos outros e ficávamos na casinha. Na casa pequenina havia só uma cozinha e um quarto. Vivia lá a avó velhinha e no Verão, nós os quatro e às vezes os primos...A cama era para mim e para o T., o colchão era de palha disforme e gordo. Eu acordava muitas vezes debaixo da cama...
O tempo demorava. Gastávamos os relógios à espera do fecho das ruas ao trânsito. Depois...a liberdade.
Depois, eram mais de cem anos no telhado e à volta a vida tinha que continuar...
Eu... guardei essa mágoa e sobrevivi
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