terça-feira, 31 de março de 2015

O Outono está dentro de cada um de nós


Hoje disseram-me:  - Tu és o Outono em pessoa...

quarta-feira, 25 de março de 2015

Time Lapse...

...a sensação de que os dias se sucedem sempre iguais.
Sempre os mesmos movimentos, deslocações. O tempo avança, mas tudo se repete sem sobressaltos...
Se gravados, todos os passos se repetiriam nos mesmos momentos.

terça-feira, 24 de março de 2015

Não sei como dizer-te...

Não sei como dizer-te que minha voz te procura
e a atenção começa a florir, quando sucede a noite
esplêndida e vasta.
Não sei o que dizer, quando longamente teus pulsos
se enchem de um brilho precioso
e estremeces como um pensamento chegado. Quando,
iniciado o campo, o centeio imaturo ondula tocado
pelo pressentir de um tempo distante,
e na terra crescida os homens entoam a vindima
— eu não sei como dizer-te que cem ideias,
dentro de mim, te procuram.

Quando as folhas da melancolia arrefecem com astros
ao lado do espaço
e o coração é uma semente inventada
em seu escuro fundo e em seu turbilhão de um dia,
tu arrebatas os caminhos da minha solidão
como se toda a casa ardesse pousada na noite.
E então não sei o que dizer
junto à taça de pedra do teu tão jovem silêncio.
Quando as crianças acordam nas luas espantadas
que às vezes se despenham no meio do tempo 
não sei como dizer-te que a pureza,
dentro de mim, te procura.

Durante a primavera inteira aprendo
os trevos, a água sobrenatural, o leve e abstracto
correr do espaço
e penso que vou dizer algo cheio de razão,
mas quando a sombra cai da curva sôfrega
dos meus lábios, sinto que me faltam
um girassol, uma pedra, uma ave qualquer
coisa extraordinária.
Porque não sei como dizer-te sem milagres
que dentro de mim é o sol, o fruto,
a criança, a água, o deus, o leite, a mãe,
o amor,

que te procuram.

Excerto de Tríptico de Herberto Helder ( 1930-2015)

segunda-feira, 23 de março de 2015

Porque todos precisamos de uma Viagem...


...ao interior das nossas vidas.
A Viagem de Edmond Baudoin

sexta-feira, 20 de março de 2015

Primavera

quinta-feira, 19 de março de 2015

O meu pai...

O meu pai nasceu numa casa amarela colada à praia. Correu por ruas de areia, onde eu corri mais tarde, já empedradas.
O meu pai é filho de um mestre. O avô André.
O meu pai já foi um galã de cinema e hoje é um cinéfilo apaixonado.
O meu pai reformou-se muito cedo, mas ainda trabalha desde os 12 anos.
O meu pai não sabe falar de assuntos sérios e finge que não existem os problemas que não o deixam dormir.
O meu pai estava sempre lá para brincarmos e gravava-nos para não nos perder.
O meu pai nunca entendeu a minha rebeldia, mas eu nunca deixei de ser a sua menina.
O meu pai...

quarta-feira, 18 de março de 2015

Silêncio ensurdecedor

Chove. Há silêncio, porque a mesma chuva 
Não faz ruído senão com sossego. 
Chove. O céu dorme. Quando a alma é viúva 
Do que não sabe, o sentimento é cego. 
Chove. Meu ser (quem sou) renego... 

Tão calma é a chuva que se solta no ar 
(Nem parece de nuvens) que parece 
Que não é chuva, mas um sussurrar 
Que de si mesmo, ao sussurrar, se esquece. 
Chove. Nada apetece... 

Não paira vento, não há céu que eu sinta. 
Chove longínqua e indistintamente, 
Como uma coisa certa que nos minta, 
Como um grande desejo que nos mente. 
Chove. Nada em mim sente... 
Fernando Pessoa em Cancioneiro

segunda-feira, 16 de março de 2015

quem te não viu anda cego, quem te não ama não vive


Coimbra, 14 de Março de 2015
Título: excerto de Oh Coimbra do Mondego de José Afonso

sexta-feira, 13 de março de 2015

13


e ao fim de um mês mais uma,
hoje fiz questão de olhar profundamente os olhos do meu gato preto...

quarta-feira, 11 de março de 2015

Gosto do teu desejo a desoras...


...quando me adivinhas no escuro

sexta-feira, 6 de março de 2015

do luar


O barulho da Lua proibiu-me de dormir (...)

A. Lobo Antunes em Caminho como uma casa em chamas

Investigadores suíços confirmam os níveis baixos de melatonina.

quinta-feira, 5 de março de 2015

Lisboa


Lisboa é donzela na Baixa, mulher voluptuosa à beira-rio, dama ilustre que nos obriga a esforçarmo-nos se a quisermos, realmente, conquistar.

Sabemos que Lisboa é a mulher da nossa vida, quando nos apaixonamos por ela ao acordar, com a mesma intensidade com que nos derretemos a vê-la adormecer e não importa se está naqueles dias difíceis do mês ou se decidiu vestir decote.
Editorial da Le Cool desta semana

quarta-feira, 4 de março de 2015

Exaltação

Da vida... não fales nela, 
quando o ritmo pressentes. 
Não fales nela que a mentes. 

Se os teus olhos se demoram 
em coisas que nada são, 
se os pensamentos se enfloram 
em torno delas e não 
em torno de não saber 
da vida... 
Não fales nela. 

Quanto saibas de viver 
nesse olhar se te congela. 
E só a dança é que dança, 
quando o ritmo pressentes. 

Se, firme, o ritmo avança, 
é dócil a vida, e mansa... 
Não fales nela, que a mentes. 

Jorge de Sena, em  Pedra Filosofal

terça-feira, 3 de março de 2015

De ti e do mar que me apaixonam





segunda-feira, 2 de março de 2015

The perfect stranger