sexta-feira, 30 de março de 2012

10


Ontem andei entretida  a olhar-te, bela menina, que não vim aqui dizer que os teus já dois dígitos de vida me fazem sentir recheada.



Empurro-te para que cresças e já sinto saudades de tantas coisas...

quarta-feira, 28 de março de 2012

A espera...

Ai quem me dera, terminasse a espera
E retornasse o canto simples e sem fim...
E ouvindo o canto se chorasse tanto
Que do mundo o pranto se estancasse enfim
Ai quem me dera percorrer estrelas 
Ter nascido anjo e ver brotar a flor
Ai quem me dera uma manhã feliz
Ai quem me dera uma estação de amor
Ah! Se as pessoas se tornassem boas
E cantassem loas e tivessem paz
E pelas ruas se abraçassem nuas 
E duas a duas fossem ser casais
Ai quem me dera ao som de madrigais
Ver todo mundo para sempre afins
E a liberdade nunca ser demais
E não haver mais solidão ruim
Ai quem me dera ouvir o nunca mais 
Dizer que a vida vai ser sempre assim
E finda a espera ouvir na primavera
Alguem chamar por mim

Ai quem me dera...de Vinicius de Moraes

...há 10 anos esperava ansiosamente por ti

quarta-feira, 21 de março de 2012

Ainda as casas (as minhas).


Oh as casas as casas as casas 
as casas nascem vivem e morrem
Enquanto vivas distinguem-se umas das outras
distinguem-se designadamente pelo cheiro
variam até de sala pra sala
As casas que eu fazia em pequeno
onde estarei eu hoje em pequeno?
Onde estarei aliás eu dos versos daqui a pouco?
Terei eu casa onde reter tudo isto
ou serei sempre somente esta instabilidade?
As casas essas parecem estáveis
mas são tão frágeis as pobres casas
Oh as casas as casas as casas
mudas testemunhas da vida
elas morrem não só ao ser demolidas
Elas morrem com a morte das pessoas
As casas de fora olham-nos pelas janelas
Não sabem nada de casas os construtores
os senhorios os procuradores
Os ricos vivem nos seus palácios
mas a casa dos pobres é todo o mundo
os pobres sim têm o conhecimento das casas
os pobres esses conhecem tudo
Eu amei as casas os recantos das casas
Visitei casas apalpei casas
Só as casas explicam que exista
uma palavra como intimidade
Sem casas não haveria ruas
as ruas onde passamos pelos outros
mas passamos principalmente por nós
Na casa nasci e hei-de morrer
na casa sofri convivi amei
na casa atravessei as estações
Respirei – ó vida simples problema de respiração
Oh as casas as casas as casas
Em Todos os Poemas de Ruy Belo

terça-feira, 20 de março de 2012

I will never stop believing

segunda-feira, 19 de março de 2012

quinta-feira, 15 de março de 2012

segunda-feira, 12 de março de 2012

Entre le chagrin et le néant?


À bout de souffle  de Godard

domingo, 11 de março de 2012

Dias de liberdade

quinta-feira, 8 de março de 2012

Si soy rara

Si soy rara por intentar sembrar en el camino semillas de alegría.
Si soy rara por sonreírle a la vida aunque me lo ponga difícil.
Si lo soy por creer que el mundo es un ser vivo que tiene derecho a recibir,
no sólo a dar.
Si lo soy por prestar oídos al pulso de la naturaleza
en lugar de a los engañosos cantos de sirena de la sociedad.
Si defiendo que la ayuda no se compra ni se vende,
sino que se presta.
Si me emociona el retorno,
cada año,
de una golondrina al nido que la vio nacer.
Si me indigna ver a una mujer con las manos ajadas de trabajo mal recompensado.
Si me duele el niño de mirada marchita
que se cruza en mi camino.
Si soy rara por pensar que a la humanidad le queda una esperanza
mientras haya una sola persona que lo crea.
Si consiguen embelesarme el sonido de una nota,
el arrullo de un mar en calma.
Si no escucho las palabras
porque me pierdo en la voz que las pronuncia.
Si soy rara por despertar,
a media noche,
con la urgencia de un verso prendido en mi boca.
Si soy rara por creer que el corazón me da la libertad y la razón me la quita.
Si soy rara por vestirme de payaso para robar una sonrisa amiga.
Si lo soy por mirarme en unos ojos con la esperanza de verme reflejada en ellos,
entonces, sí.
Entonces confieso que soy rara,
y mientras quede en mi cuerpo un soplo de vida
lucharé por seguir siéndolo y por dejar constancia de ello.
de Ester Vallbona

quarta-feira, 7 de março de 2012

Prazeres privados

Beterraba e o surrealismo de Buñuel

terça-feira, 6 de março de 2012

Simbioses

O Sr. Augusto
o cão
a D. Maria.
Ele sai com o cão, o cão é parecido com ele, também arfa ao subir as escadas.
Ela desce as escadas antes dele chegar para lhe abrir a porta. Teme que ele não volte.
Já não se ouvem bem, então gritam um com o outro.
O cheiro do cão envolve todo o ar que respiram
O cão é o Sr. Augusto
o Sr Augusto é a D. Maria.
Se o cão morrer,
o Sr. Augusto morre
e morre a D. Maria.
Se o Sr. Augusto morrer,
morre a D. Maria
e morre o cão...

domingo, 4 de março de 2012

Apaixonamo-nos pelas pessoas, quando as escutamos. Amamo-las. E só deixamos de as desejar quando deixamos de as ouvir. Com as casas passa-se o mesmo. Depois fica apenas uma ténue lembrança. Grata. Porque cheia de memórias. 
Permitam-me que insista. As casas são como as pessoas. Porque também haveremos de amá-las mais quando elas deixarem de nos ser. Quando as perdermos. E, então, das duas uma: ou haveremos de desejá-las em ruínas, ou haveremos de desejar a nossa morte. Ou as duas. Depois, não teremos coragem nem para uma coisa nem para outra. Guardaremos essa mágoa. Sobreviveremos.

Em As Casas, de Dóris Graça Dias, João Azevedo Editor, 1991

O poial era só meu, mesmo quando alugávamos a casa aos outros e ficávamos na casinha. Na casa pequenina havia só uma cozinha e um quarto. Vivia lá a avó velhinha e no Verão, nós os quatro e às vezes os primos...A cama era para mim e para o T., o colchão era de palha disforme e gordo. Eu acordava muitas vezes debaixo da cama...
O tempo demorava. Gastávamos os relógios à espera do fecho das ruas ao trânsito. Depois...a liberdade.
Depois, eram mais de cem anos no telhado e à volta a vida tinha que continuar...
Eu... guardei essa mágoa e sobrevivi

sexta-feira, 2 de março de 2012

Home... lar doce lar: histórias de auto-estradas

no Público de hoje

quinta-feira, 1 de março de 2012



Um dia de chuva é tão belo como um dia de sol. 
Ambos existem; cada um como é.






Alberto Caeiro, em Poemas Inconjuntos


Se estiveres comigo...